26 março, 2010

A Escolha de Sofia


Para quem não sabe, A Escolha de Sofia é a história de uma mãe judia no campo de concentração nazista de Auschwitz, que é forçada por um soldado alemão a escolher entre o filho e a filha qual seria executado e qual seria poupado. Se ela se recusasse a escolher, os dois seriam mortos. Ela escolhe o menino, que é mais forte e tem mais chances de sobreviver, porém nunca mais tem notícias dele. A questão é tão terrível que o título se converteu em sinônimo de decisão quase impossível de ser tomada.


Trazendo para nossa realidade.
Minha "Escolha de Sofia" foi quando, pela primeira vez na vida, votei nas eleições presidenciais. Eu era bem jovem, mas já era "antenada" em tudo o que acontecia a minha volta. Lula, Collor ou voto nulo? Depois de acompanhar toda a movimentação a favor da democracia, depois de ter lido e relido sobre tudo o que aconteceu no Brasil nos anos da ditadura, e o que esses 20 anos fizeram a geração anterior, não a dos meus pais, mas aquela intermediaria que era jovem quando eu era pré-adolescente, depois de perceber que sobrou prá todos, poder votar e escolher o Presidente era uma conquista impar, mesmo que eu jamais tenha pisado em uma única manifestação das Diretas Já, mesmo que eu nunca tenha saído às ruas segurando a bandeira nacional, ainda assim eu sentia ser uma vitoria minha, dos meus amigos, dos meus pais, de toda uma sociedade empenhada em fazer o melhor para todos. Como eu poderia depois de tudo isso, depois de tanta luta, tanto empenho, do "Braço Forte" de gente do bem, erguido em defesa do futuro do país, em defesa da juventude da qual eu fazia parte, como eu poderia sequer pensar em anular meu voto. Meu primeiro voto. As primeiras eleições diretas para presidente depois de anos de imposição arbitrária. Anular meu voto, nem pensar. Então era Collor ou Lula. Descobri então que eu era anti PT, tive certeza que era. Votei no Collor. Se me arrependo? Nunca, nem por um minuto, apesar de tudo. Nunca votei no PT, por ideologia pura até o PT se tornar governo. Agora continuo a não votar no PT, pois além de manter a ideologia inicial, tenho mais um milhão de motivos que não preciso mencionar. Anulei praticamente todos os meus votos das eleições anteriores, para vereadores, deputados, senadores. Não anulei para Prefeitura nem para Governo Estadual. O resto? Não tem uma só pessoa dessa cambada toda, que esteja lá por meu voto. E eu me sinto muito bem por isso. O candidato a Prefeito em que votei, ganhou as eleições. Mas para prefeitura se vota com outro olhar, é diferente. Para governador é mais complicado, há que se pensar muito bem, por conta das alianças que acabam surgindo depois das eleições. Dessa vez, para a presidência, mais uma vez não é hora de anular voto em hipótese alguma. E dessa vez me sinto mais confortável ao votar no Serra, do que quando votei no Collor, mas ainda é uma Escolha de Sofia. Não vou anular meu voto, nem votar no PT, principalmente na guerrilheira. Eu hem? Que falta de elegância. Uma mulher no poder é sempre uma situação que gosto de ver, mas infelizmente, nesse caso, quero até esquecer que se trata de uma mulher. Todo mundo sabe quem são os "companheiros" de Lula e Cia. Juntos são os quatro cavaleiros do apocalipse. Com tantas redes sociais borbulhando na Internet, porque as pessoas não procuram por cidadãos comuns de outros países da America do Sul . Entrem no Facebook, por exemplo, e procurem por alguém de Caracas, na Venezuela. Peça amizade e diga o porquê, a verdade. Diga que quer saber o que está acontecendo de verdade, por lá. Você não vai querer acreditar nas coisas que vai ler. E certamente não vai querer nada, nem um décimo, parecido por aqui. Tenho fé de que tudo vai ficar bem, mas confesso, às vezes me dá muito medo."
Eis o artigo:

" SERRA OU DILMA? A ESCOLHA DE SOFIA."

                                                                 POR RODRIGO CONSTANTINO*
Agora é praticamente oficial: José Serra e Dilma Rousseff são as duas opções viáveis nas próximas eleições. Em quem votar? Esse é um artigo que eu não gostaria de ter que escrever, mas me sinto na obrigação de fazê-lo.
Os antigos atenienses tinham razão ao dizerem que assumir qualquer lado é melhor do que não assumir nenhum?”
Mas existem momentos tão delicados e extremos, onde o que resta das liberdades individuais está pendurado por um fio, que talvez essa postura idealista e de longo prazo não seja razoável. Será que não valeria a pena ter fechado o nariz e eliminado o Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista em 1933 na Alemanha, antes que Hitler pudesse chegar ao poder? Será que o fim de eliminar Hugo Chávez justificaria o meio deplorável de eleger um candidato horrível, mas menos louco e autoritário? São questões filosóficas complexas. Confesso ficar angustiado quando penso nisso.
Voltando à realidade brasileira, temos um verdadeiro monopólio da esquerda na política nacional. PT e PSDB cada vez mais se parecem.. Mas existem algumas diferenças importantes também. O PT tem mais ranço ideológico, mais sede pelo poder absoluto, mais disposição para adotar quaisquer meios – os mais abjetos – para tal meta. O PSDB parece ter mais limites éticos quanto a isso O PT associou-se aos mais nefastos ditadores, defende abertamente grupos terroristas, carrega em seu âmago o DNA socialista. O PSDB não chega a tanto.
Além disso, há um fator relevante de curto prazo: o governo Lula aparelhou a máquina estatal toda, desde os três poderes, passando pelo Itamaraty, STF, Polícia Federal, as ONGs, as estatais, as agências reguladoras, tudo! O projeto de poder do PT é aquele seguido por Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, enfim, todos os comparsas do Foro de São Paulo . Se o avanço rumo ao socialismo não foi maior no Brasil, isso se deve aos freios institucionais, mais sólidos aqui, e não ao desejo do próprio governo. A simbiose entre Estado e governo na gestão Lula foi enorme. O estrago será duradouro. Mas quanto antes for abortado, melhor será: haverá menos sofrimento no processo de ajuste.
Justamente por isso acredito que os liberais devem olhar para este aspecto fundamental, e ignorar um pouco as semelhanças entre Serra e Dilma.. Uma continuação da gestão petista através de Dilma é um tiro certo rumo ao pior. Dilma é tão autoritária ou mais que Serra, com o agravante de ter sido uma terrorista na juventude comunista, lutando não contra a ditadura, mas sim por outra ainda pior, aquela existente em Cuba ainda hoje. Ela nunca se arrependeu de seu passado vergonhoso; pelo contrário, sente orgulho. Seu grupo Colina planejou diversos assaltos. Como anular o voto sabendo que esta senhora poderá ser nossa próxima presidente?! Como virar a cara sabendo que isso pode significar passos mais acelerados em direção ao socialismo “bolivariano”?
Entendo que para os defensores da liberdade individual, escolher entre Dilma e Serra é como uma escolha de Sofia. Anular o voto, desta vez, pode significar o triunfo definitivo do mal. Em vez de soco na cara ou no estômago, podemos acabar com um tiro na nuca.
Dito isso, assumo que votarei em Serra, Meu voto é anti-PT acima de qualquer coisa. Meu voto é contra o Lula, contra o Chávez, que já declarou abertamente apoio a Dilma. Meu voto não é a favor de Serra. E, no dia seguinte da eleição, já serei um crítico tão duro ao governo Serra como sou hoje ao governo Lula. Mas, antes é preciso retirar a corja que está no poder. Antes é preciso desarmar a quadrilha que tomou conta de Brasília. Só o desaparelhamento de petistas do Estado já seria um ganho para a liberdade, ainda que momentâneo.
Respeito meus colegas liberais que discordam de mim e pretendem anular o voto. Mas espero ter sido convicente de que o momento pede um pacto temporário com a barbárie, como única chance de salvar o que resta da civilização - o que não é muito.

*Rodrigo Constantino é escritor e tem 5 livros publicados.  Escreve a coluna "Eu e Investimentos" do jornal Valor Econômico e também é colunista do jornal O Globo.

3 comentários:

Somel Serip disse...

Cinthia Anhesini, olá !

Temos que ter coragem e não nos deixar intervir pelos esquemas, que a máfia política nos impõe, justamente para calar a voz do VOTO NULO !

A estratégica mafiosa em todas as eleições é colocar :

• o Candidato Bandido, para criar terrorismo nos eleitores que não possuem posição firme em relação ao Voto Nulo;

• o Candidato Bonzinho, para reavivar a esperança nos eleitores que ainda não assumiram o Voto Nulo e

• o Candidato da Vez, apresentado como o menos perigoso e com força suficiente para ganhar do Candidato Bandido.

Resumindo : todos são Farinha-do-Mesmo-Saco que, após as eleições, repartirão o Bolo !

Faça VOTO NULO REIVINDICATÒRIO, sem medo de ser feliz !

Abraços à todos !
Somel Serip.
Gerente Geral CNBVN ○ Coordenador

Cinthia Anhesini disse...

Caro Somel Serip.
Suas colocações são pertinentes e até interessantes. Apenas a ultima colocação me deixa duvida. São "farinha do mesmo saco", concordo, mas que irão repartir o bolo ... não sei, não.
Como você pôde ler no post, não sou contra o voto nulo, pelo contrário, considero um instrumento honesto que o eleitor pode usar, se assim desejar. O que me preocupa é que nesse caso específico os eleitores parecem estar divididos em duas partes:
1- Aqueles que não mudarão seu voto, seja qual for o argumento usado e representam em média 50% do eleitorado.

2- Aqueles que não sabem em quem votar, mas sabem em quem NÃO vão votar, ou seja, no candidato do primeiro grupo. Representam os outros 50%, aproximadamente.

Se esse segundo grupo se pulveriza entre candidato bandido, bonzinho, da vez, votos nulos e etc. está feita a desgraça. Por isso a minha preocupação. Por isso o título, "A escolha de Sophia". Seja qual for sua decisão, você estará perdendo.
Abraços
Cinthia

Somel Serip disse...
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